Assessoria de Imprensa ou Relações com a Imprensa
Percebendo um movimento de mudança, um deslizamento do uso do termo assessoria de imprensa para relações com a imprensa, ambos definindo uma prática contemporânea de comunicação organizacional, resolvemos pesquisar um pouco sobre este fenômeno. A princípio observa-se que este processo acontece de forma mais presente nas agências de comunicação empresarial. E esse movimento, que se mostra fluido, ainda vem acontecendo de forma heterogênea: uns usam assessoria de imprensa, outros relações com a imprensa e tem até os que usam os dois em seus discursos.
Assim, se pensarmos na perspectiva da Semiótica, ciência que estuda os signos, os processo de significação, podemos observar que as palavras, frases, enquanto signos, propiciam múltiplos sentidos, que ao serem interpretados considera-se diversos fatores como o contexto cultural onde se insere. Dessa forma, podemos dizer que há muito mais significados embutidos nesta polarização do termo do que uma simples troca de nome ou modismo empresarial.
Rumo a esta dialética, aliás, palavra grega dialektiké que significa a arte do diálogo, de debater ou raciocinar, faz-se importante voltar ao conceito do termo assessoria de imprensa.
Com o papel de centralidade social que as organizações empresariais têm hoje na contemporaneidade, surgiram varias situações no seu dia a dia. Entre elas e talvez a principal, ter que se relacionar com a sociedade e consequentemente com novos públicos até então considerados periféricos aos seus negócios. Um consumidor mais consciente, comunidades vizinhas mais articuladas, ONGS, e a mídia, que de certa forma passou a ser o ethos da discussão a Àgora da democracia moderna, exemplificam esse cenário. Um cidadão insatisfeito com uma empresa, seja por mau atendimento, poluição, seja por contratos mal entendidos, busca diretamente a TV, por exemplo, para dar voz a sua queixa, aos seus direitos.
Sem nos ater aos fatos históricos, que apontam o início desta atividade em 1906 pelo americano Ivy Lee e mais aos sociais e antropológicos é que consideramos que este contexto foi propulsor da assessoria de imprensa, como instrumento de comunicação organizacional. A assessoria de imprensa cria de forma planejada uma interlocução entre as empresas, então despreparadas para este convívio, com a mídia. Por outro lado, contribui também com a imprensa, lhe fornecendo informações já moduladas de acordo com o jornalismo, facilita os contatos com os porta-vozes das empresas, permitindo a efetivação da premissa do bom jornalismo, de sempre ouvir os dois lados envolvidos na noticia.
Entretanto, ao viver um processo de evolução e amadurecimento percebido a partir dos anos 1990, os profissionais que atuam com a assessoria de imprensa perceberam que este era sem dúvida um trabalho muito mais de inteligência estratégica do que operacional. E é ai que começa a surgir um deslocamento do conceito, para o termo relações com a imprensa.
Voltando a questão semiótica defendemos que não é apenas uma questão de sintaxe (relativa à “forma”) ou a uma semântica (relativa ao “conteúdo”), mas o que está em jogo é a construção de novos sentidos para este instrumento de comunicação organizacional, caminhando em uma direção mais abrangente, mais dialógica onde os profissionais se dedicam mais ao desenvolvimento relacional entre os sujeitos envolvidos nesta interação, como os veículos, a mídia, jornalistas e as empresas assessoradas, para que se reconheçam, dialoguem, se respeitem e se possível se entendam.