SUSTENTABILIDADE : CAMPANHAS OU COMUNICAÇÃO DE CAUSA?
A Sustentabilidade , diante de cenários tão complexos como os que estamos vivendo, parece passar despercebida enquanto Campanhas isoladas .Então como fazer uma comunicação que (re) sensibilize os públicos das organizações a aderir a Sustentabilidade?
O Relatório “Nosso futuro comum” Gro Harlem Brundtland, 1987 – ex-primeira-ministra da Noruega, foi o primeiro marco sobre a sustentabilidade dizendo que “Desenvolvimento sustentável significa suprir as necessidades do presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as próprias necessidades”. Ocorre que, segundo a própria Brundtland, “A terra é uma só, mas o mundo não é (…) cada país esforça-se por sua sobrevivência e sua prosperidade com pouca consideração sobre o impacto que provoca nos outros”. Apesar de isso ter sido dito há 30 anos não te parece muito atual?
Sustentabilidade uma causa de todos
SUSTENTABILIDADE E AS ORGANIZAÇÕES COM ISSO?
Nestes últimos trinta anos a maioria das organizações empresariais, entenderam seu papel de responsabilidade social em relação à sustentabilidade e adotaram diversas ações internas e externas. Muitas Campanhas foram feitas para redução de uso da água, destinação correta de lixos, economia dos recursos naturais, adoção de programas ambientais entre outras atitudes.
Mas parece que chegamos a uma encruzilhada onde essas Campanhas já não fazem tanto efeito, já não mexem mais com as pessoas. É como se as mensagens já não fossem vistas e nem ouvidas?
• O que esta acontecendo? As Campanhas não fazem mais efeito?
• Qual a melhor forma de comunicar a sustentabilidade com os públicos internos e externos?
• Como atrair os funcionários para a discussão, o diálogo sobre a sustentabilidade no trabalho e a responsabilidade social todos?
• Como mantê-los engajados em longo prazo?
• Como mobilizar os servidores a participar e influenciar outras pessoas?
• Novas campanhas?
• Novas abordagens por meio de números, metáforas, fotos, vídeos, humor, emoção e histórias de gente?
7 MOTIVOS PARA O NÃO ENGAJAMENTO DOS FUNCIONÁRIOS
1. Ainda não compreendem a dimensão da sustentabilidade e as implicações dela no cotidiano e, principalmente, no futuro.
2. Até compreendem, mas não sabem como materializar no dia a dia.
3. Compreendem, mas acreditam que as ações propostas são de baixo impacto.
4. Acham que são os outros países, os ricos e os poluidores, que devem cuidar disso.
5. O valor da sustentabilidade não faz sentido. É visto apenas como um modismo, desgaste de tempo e de recursos.
6. Sustentabilidade é discurso de “tribos”. Coisa de ambientalista “ecochato”.
7. Até reconhecem que o discurso da sustentabilidade agrega valor para a imagem da organização perante a sociedade, porém não a colocam em prática.
Proponho pensarmos fora desta caixa. E se tratarmos a sustentabilidade como uma causa?
Causas são movimentos individuais ou coletivos criados com o objetivo de promover uma transformação social por meio de ações e programas. As causas sociais estão nos temas como o combate a pobreza, a violência urbana, questões ambientais, direitos de minorias, entre outras mazelas que afetam a sociedade e causam indignação. Podem ser adotadas por pessoas e instituições – organizações da sociedade civil, empresas públicas e privadas, partidos políticos e pessoas comuns.
Os 3 PILARES DE CAUSA SOCIAL
- Convicção, crença no propósito da organização ou da causa em si, entrar para o DNA da organização;
- Coerência, ter plena convergência entre o discurso e a prática. Os públicos de relacionamento devem construir a mesma percepção;
- Consistência em sua comunicação assumindo que esta deve ser a expressão consequente de uma prática continua. É preciso persistência.
SUSTENTABILIDADE PODE OU NÃO SER TRATADA COMO CAUSA?
Entendendo que sim, temos uma nova e transformadora perspectiva de comunicação.
Para Mônica Gregori (2017) “Comunicar causas sociais é colocar um tema na agenda da sociedade, mobilizar os convertidos, conquistar os indiferentes e influenciar os tomadores de decisão, com o objetivo de mudar a realidade social, cultural, econômica e ambiental por meio da sensibilização do público e de mudanças nas políticas públicas.” Já Márcio Simeone, (2007) vai além ao afirmar que a comunicação não se limita a midiatização, mas passa a ser parte integrante da própria Causa um fator constitutivo dos movimentos sociais contemporâneos. E defende que a Comunicação de Causa tem duas dimensões:
1. A manutenção de estruturas mobilizadoras de forma horizontal, menos hierarquizada, mais democrática e participativa, a criação das ações em rede considerando a coparticipação, interação e intercâmbio e, principalmente, da busca de coesão dos atores mobilizados.
2. Processo de visibilidade da causa e posicionamento público dela. Mais do que buscar o reconhecimento público, trata-se de posicionar-se e legitimar-se na defesa da causa da sustentabilidade e da responsabilidade socioambiental da instituição, busca-se a formação de identidade cultural.
Assim, a Comunicação de causa se confunde com a própria Causa se caracterizando por:
- Pertinência;
- Conexão e colaboração;
- Cocriação;
- Transparência;
- Horizontalidade;
- Pragmatismo
Mais afinal, quais as diferenças entre Campanhas e Causas?
Campanhas X Campanhas Comunicação de Causas
Informacional X Dialógicas
Usa mais a publicidade X Além da publicidade, a relações públicas, entre outras ferramentas.
Direcionada para o público-alvo X Direcionada para múltiplos públicos
Foco nas mensagens X Foco no compartilhamento de ideias, na interação e colaboração.
Cunho informativo X Cunho educativo
De curto prazo X De longo prazo
Busca disseminação X Busca engajamento
Estratégias de mobilização de Causas:
• Se articular sistematicamente – União de esforços com outras entidades, instituições de pesquisa, ONGs ambientais, Universidades, instituições internacionais, nacionais e locais que também atuem na causa para estimular novas ações, enriquecer o debate e ganhar potência.
• Gerar intercambio de informações – Acompanhar agendas globais que atum na área socioambiental como o Marco Regulatório (Marco Regulatório, Organizações da Sociedade Civil, Agenda 2030, Acordo Global pelo Clima). A excelência na prática social depende de alinhamentos com grandes debates, com temas que impactam governos, empresas e associações do mundo todo.
• Entender o “timing”, trazer para a contemporaneidade os conceitos e as inovações pertinentes aos temas ambientais.
• Usar exemplos mundiais, pesquisas, dados, que deem substância à causa da sustentabilidade e seus diversos recortes.
• Fazer benchmarking com entidades locais , próximas da realidade do MPT da sua região.
• Buscar a participação de pessoas da comunidade para parcerias. Ex: Asmare-BH (http://asmare.org).
• Construir significados que vão ao encontro da cultura das pessoas, que as toquem nos cinco sentidos.
• Sair da caixa. Por exemplo, levar grupo de pessoas para se ter contato com questões ambientalmente destrutivas e ambientalmente corretas.
• Inovar nas mensagens, nas peças, nos discursos, reciclar campanhas, mudar estratégias sistematicamente.
ESTRATÉGIAS DA COMUNICAÇÃO DE CAUSA
“Não basta comunicar, é preciso convidar para o diálogo. Fazer e comunicar juntos. Cooperar e co-criar são as ideias do momento. “Vivemos o mundo em que todo mundo tem voz”. Estamos vivendo essa era da co-construção. Nunca vimos um espaço tão fértil para participação.” Mônica Gregori da Agencia Cause.
Dividir a agenda em campanhas especifica, fatiando o objetivo.
O objetivo macro: contribuir com a sustentabilidade do planeta.
Como: com a redução/ uso consciente de recursos naturais no nosso dia a dia, com atitudes ambientalmente corretas. Exemplo: economia de energia, água, papel, destinação e reciclagem dos resíduos.
Recorte: Ex: Economia de papel
Encontro colaborativo de cocriação. A Comunicação de Causa não só responsabilidade de um departamento apenas.
É preciso diversificar, atualizar, acompanhar as mudanças, INOVAR.
Envolver as famílias e suas crianças e adolescentes na Causa do MPT.
Blitz sistemáticas para verificar, por exemplo, o uso consciente do papel.
Engajar a sociedade com doação de mudas de árvores que deverão ser entregues e plantadas com a cooperação dos servidores em escolas públicas, creches, asilos, praças, etc.