Mais informação significa mais comunicação empresarial?
O contexto social impacta a comunicação empresarial, provocando mudanças positivas
Antes de tentarmos responder a essa questão, faz-se necessário caracterizar o contexto atual e seus impactos sobre a comunicação empresarial.
A questão da tecnologia da informação é tão definidora nas mudanças ocasionadas na sociedade contemporânea que esta passou a ser caracterizada por seus métodos de acessar, processar e distribuir informações. Esse acesso às informações, pela combinação de diversos dispositivos como satélites, televisão, telefones celulares, computadores e internet, produziu o aumento da conexão entre sujeitos individuais ou coletivos como as empresas, quebrando barreiras como a distância e a língua, e diminuindo fronteiras geográficas, sociais e humanas. Em outros termos, a tecnologia da informação permitiu conectar o mundo em um sistema unificado de conhecimento, propiciando o compartilhamento de informações.
A escrita, o som, a imagem e os dados estão hoje onipresentes e dão a volta ao mundo em menos de um segundo. Todo mundo, ou quase, vê tudo, sabe de tudo sobre o mundo. Isto constitui uma ruptura considerável na história da humanidade, cujas consequências ainda não conseguimos avaliar (WOLTON, 2006, p. 9).
Porém, Wolton (2006) também nos lembra de que, apesar de tantas maneiras de se informar, de se conhecer e se conectar ao outro, isso não representa necessariamente a garantia de compreensão mútua e de entendimento.
Entendemos por comunicação um processo que envolve interação, a troca, o diálogo que transforma que considera o outro como sujeito de ação. No contexto organizacional marcado pela complexidade das relações entre as empresas e seus diversos públicos percebe-se esta dissonância.
Apesar de muitas empresas possuírem dispositivos mediáticos capazes de propiciar contatos cada vez mais diretos e próximos, como sites, e-mails e centrais telefônicas de atendimento, isso não significa necessariamente que esteja acontecendo uma comunicação empresarial.
Como resolver ou minimizar estas ambiguidades, as dissonâncias – mais informação, menos comunicação?
O desenvolvimento da comunicação empresarial, enquanto ciência social que se propõe a estudar a comunicação social no contexto organizacional esta trazendo algo novo, não só no “fazer”, mas principalmente no “pensar” a comunicação empresarial; trouxeram a perspectiva dialógica.
Assim, na prática já se pode observar, por exemplo, que os jornais e revistas corporativos deixaram de ser “informativos” das noticias da diretoria, para sediar um espaço que conta com a participação dos empregados, e leitores da produção editorial. Os comitês editoriais que definem a pauta jornalística da publicação contam com a participação de representantes dos empregados. Assim podem-se observar matérias contando as histórias de vida, feitos e ideias dos empregados, matérias de sucessos e resultados da empresa, que valorizam a participação deles, entre outras mudanças editorias. Outros exemplos são a presença das empresas nas redes sociais, com destaque no facebook e intranet, entre outras ferramentas com aspectos bem mais interativos.
Dentro deste cenário, podemos refletir que não é a quantidade de instrumentos de comunicação empresarial, mas sim o tratamento que é dado a cada um deles, tratando-os como espaço mais democrático e interativo é que vai emergir a verdadeira comunicação entre as partes interessadas.
Desta forma, evoluímos de um paradigma informacional, assentado na unidirecionalidade, para o paradigma relacional direcionado ao dialogo na comunicação empresarial.
Cláudia Tanure
Mestre em Comunicação
Bibliografia WOLTON, Dominique. É preciso salvar a comunicação. São Paulo: Paulus, 2006